terça-feira, 29 de março de 2011

Texto 3 - Concurso “O racismo explicado a meus filhos”

Menina negra que não é a do laço de fita

Era uma vez uma menina negra, negra, negra seus olhos eram bem pretinhos seus cabelos todo enroladinhos, parecia uma personagem de filmes africanos, ela era muito feliz, brincava, pulava e vivia a vida de uma criança feliz. Mas ao completar sete anos e ir para a escola seus coleguinhas lhe atentavam muito, chamavam-a de negrinha feia, Cirilo (personagem da novela carrossel) e tantos outros apelidos, ela vivia muito triste e ao chegar em casa não tinha coragem de falar nada para seus pais sobre isso e a única coisa que lhe restava era apenas o silêncio.
Com o passar dos anos essa menina se sentia horrível, sentia a garota mais feia da escola, entre os 10 aos 15 anos percebia que os garotos da escola paqueravam todas as suas coleguinhas menos ela. Às vezes essa menina ficava pensando “meu Deus será que porque que ninguém olha pra mim, porque meu Deus você me fez nascer negra, com o cabelo assim” e ela chorava, chorava muito. Coitada dessa menina ela conviveu com isso a sua infância e quase toda sua adolescência e percebia que pelo fato de ter nascido negra era pouco vista pelos meninos, e mesmo que ela se arrumasse toda, alisasse cabelo, ainda não recebia nenhum olhar, via suas colegas falar que tinha ficado com aquele garoto outras falavam que fulano tinha chegado nela e a menina não tinha nada a falar a única coisa que lhe restava era ouvir, ouvir era a única solução no momento, depois era só chorar. Chorava por se sentir tão feia, por ter o cabelo enrolado e acreditava que os garotos não lhe paqueravam era porque tinha o cabelo crespo. Então ela alisava, alisava muito, assim ela se sentia mais bonita, mas mesmo assim ainda não recebia nenhum olhar. Depois dessa menina ter passado por tudo isso desde sua infância e adolescência a única coisa que lhe restava era estudar, estudar era seu refugio, refugio esse que se descobriu, descobriu que era negra e queria ser negra, foi assim e com a ajuda de uma pessoa que ela conheceu que ela se auto afirmou como negra. Deixou o cabelo voltar aos cachos naturais, estudou para o vestibular e passou.
Ao entrar na faculdade a menina que hoje já é mulher começou a pesquisar e sua pesquisa não por coincidência, mas por amor é na área de identidade negra mais voltada para a educação infantil, pois ela acredita que só através de uma educação anti racista poderemos fazer crianças negras que valorize a si e a sua cultura, e assim quem sabe poderemos fazer um mundo melhor. Hoje a menina que já é mulher acredita que a família e a escola são a chave principal para erguer a auto estima de crianças negras porque se a menina tivesse tido um acompanhamento familiar e escolar sobre o que é ser negro ela não teria sofrido tanto por ter nascido negra e sim orgulho de pertencer a um grupo que lutou e luta a cada pela sua sobrevivência.
Autor(a): MRS

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